3 capacidades coordenativas do tenista

O tênis é um jogo extremamente rico na sua forma de ser jogado. Ao contrário do que muitos adeptos imaginam, não existem situações idênticas, técnicas perfeitas ou respostas prontas. Cada situação possui em si uma particularidade espacial e temporal e essa é uma condição inata ao jogo.
Tendo isso em mente, veremos que a inflexibilidade, a força bruta e a simetria são apenas aparentes. O bom jogador de tênis deve esquecer conceitos difundidos erroneamente, como o da rigidez, substituindo-os por uma conduta que valorize a natureza peculiar do jogo de tênis — logo, ser adaptável, inteligente e plástico passa a condizer com a essência aleatória e imprevisível do jogo.
Ser mais adaptável diz respeito a ser mais coordenado e inteligente. Golpear bem uma bola de tênis não tem primordialmente relação com os gestos específicos da modalidade; antes disso, devem ser dominadas algumas habilidades fundamentais que podem servir de oportunidade para a tarefa de rebater adequadamente.
Pensando nisso, vamos falar sobre três variáveis coordenativas que são fundamentais para jogar bem tênis.

Orientação espacial
Essa capacidade coordenativa leva em consideração a compressão das dimensões e limites espaciais do jogador, sua capacidade de localização na quadra, seu conhecimento dos pontos geográficos específicos das condições do jogo, etc.
Exemplos: uma criança jogando numa quadra vermelha (de tamanho e velocidade adequados para o público infantil até 10 anos) pode se posicionar à frente da sua linha de base porque não conhece muito bem o território de jogo; um jovem jogador, que ainda não desenvolveu muito bem sua percepção, não compreende quando a bola vai dentro ou fora.

Equilíbrio
O equilíbrio diz respeito ao controle e à consciência corporal, que influenciam diretamente sobre os movimentos e respostas do corpo eficazes para golpear e manter a interação com a bolinha de tênis; um corpo “turbulento” não pode desenvolver uma boa precisão e, desse modo, não é possível ter controle sobre a qualidade da bola!
Exemplos: esta qualidade coordenativa manifesta-se de três maneiras no jogo de tênis. O equilíbrio pode ser estático (posição inicial do saque ou posição de expectativa nos golpes de fundo), dinâmico (durante as corridas e ajustes para golpear) e recuperado (quando ocorre a súbita perda de equilíbrio seguida pela retomada do controle do corpo — situação do contrapé).

Ritmo
O ritmo já teve sua importância discutida em um artigo especial; porém, como o ritmo é uma capacidade fundamental, vale a pena destacar ainda mais esse conceito que está embutido em todas as situações do jogo. O ritmo diz respeito às diferenciações de intensidade (forte, médio, fraco), velocidade (rápido, médio, lento) e à harmonia correspondente às situações específicas do jogo. Dessa forma, como o jogo tem um ritmo quebrado, não se pode jogar na mesma frequência o tempo todo.

Exemplo: Qual é a intensidade da raquete para golpear a bola com bastante topspin? Para executar uma deixada devo amortecer ou acelerar a bola? Como deve ser minha preparação para golpear uma bola que chega muito veloz? Preparar de maneira lenta? Ou rápida?

Jogar bem tênis é muito mais do que golpear a bolinha, e o bom jogador de tênis é algo como o Grande Mestre das artes marciais dizia:”“Esvazie sua mente de modelos, formas, seja amorfo como a água. Você coloca a água em um copo, ela se torna o copo. Você coloca a água em uma garrafa, ela se torna a garrafa. Você coloca ela em uma chaleira, ela se torna a chaleira. A água pode fluir, a água pode destruir. Seja água, meu amigo.””

24 de junho de 2016 | Categoria: Tênis, Treinamento

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